Quando consolidou a idéia política de uma Junta Governativa, ele logo pôs-se a formar uma, mas de tal forma que continuava como se governasse sozinho. Apesar disso, conseguiu reconhecimento das cortes. Promoveu o juramento da Constituição e fez eleições para escolher os deputados pernambucanos nas cortes portuguesas.
Acossado pela oposição, Luiz do Rêgo perdeu a calma. Decretou várias prisões. Deportou pessoas. Sofreu um atentado e ficou ferido. Ao restabelecer-se, tomou conhecimento de uma tal Junta de Goiana. Reuniu a Câmaras com os oficiais de sua confiança e organizou um Conselho Governativo.
O movimento nacionalista crescia e com ele a oposição a seu governo. Luiz do Rêgo foi intimado a entregar o governo a Joaquim Coelho Lopes de Castro. Recusou-se, mas propôs um acordo, rejeitado pela Junta de Goiana, que alegou constituir governo legal por ter o apoio da maioria das câmaras da capiitania.
O confronto foi inevitável: os governantes cercaram o Recife. Fizeram um quartel general em Beberibe. Em 5 de outubro de 1821 a Junta se reuniu para deliberar sobre a proposta do Recife. Houve intensa movimentação em Beberibe, com a chegada de vários emissários. Foi proposta a divisão de poderes jurisdicionais para as Juntas de Goiana e Recife, que ficaria com esta cidade e com Olinda, para nova eleição de uma nova Junta.
No dia marcado para a eleição, todavia, lá não estava Luiz do Rêgo, que fora para a Europa num navio francês.Formou-se, então, um governo provisório integrado por Gervásio Pires Ferreira (Presidente), Felipe Nery Ferreira, Cônego Dr.Manoel Inácio de Carvalho, Joaquim José de Miranda, Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca e o português Bento José da Costa. O secretário foi o Padre Laurentino Antonio Moreira de Carvalho.
Alimentando o sonho da República, o novo governo procurou cercar-se de pessoas importantes e simpatizantes da idéia. Assim, achegaram-se o Padre Venâncio Henriques de Resende e Manuel de Carvalho Paes de Andrade.
Por esta época a Monarquia no Brasil vivia sob uma Regência, dirigida por José Bonifácio. Este, hábil político, não querendo instalar um confronto direto e fraticida com Pernambuco, enviou à Capitania, ao Recife, Antonio Menezes de Vasconcelos Drumond, com o objetivo de convencer os novos governantes a aceitarem o Príncipe D. Pedro como regente e Chefe do Executivo no Brasil, muito embora mantendo a estrutura de Reino-Unido.
Uma reunião ocorreu na Câmara do Recife, sob a presidência do Juiz de For. A população foi insuflada pela Côrte e, nesse clima, a Junta pernambucana concordou.
D. Pedro entusiasmou-se com a posição do governo local, mas ficou sabendo que alguns de seus integrantes persistiam na idéia de independência a qualquer modo.
Estes foram aos poucos sendo afastados. Toda a Junta acabou sendo deposta por manobra de José da Gama, futuro Visconde de Goiana. Outra Junta foi montada totalmente favorável ao Príncipe. Esta dita Junta levava o nome de Governo dos Matutos, pela incidência de pessoas ligadas à agricultura. Gervásio Pires foi preso e enviado a Lisboa. Nesse período houve a declaração de independência do Brasil
Autor: Fernando Araújo
Fonte: Memorial Pernambuco