Pernambuco passou a ser governado pelo multi-condecorado Capitão-General Luiz do Rêgo Barreto, português herói da guerra peninsular. Sabedor dos fatos aqui ocorridos, tratou de formar um governo sólido, com pessoas confiáveis, sobretudo oficiais portugueses. Depois da Revolução do Porto, procurou fazer em Pernambuco uma obra de engenharia política quase impossível: tornou-se constitucionalista, mas procurou viver essas novas idéias dentro dos princípios monárquicos. Passou a conviver com os anistiados da Revolução de 1817.

Quando consolidou a idéia política de uma Junta Governativa, ele logo pôs-se a formar uma, mas de tal forma que continuava como se governasse sozinho. Apesar disso, conseguiu reconhecimento das cortes. Promoveu o juramento da Constituição e fez eleições para escolher os deputados pernambucanos nas cortes portuguesas.

Acossado pela oposição, Luiz do Rêgo perdeu a calma. Decretou várias prisões. Deportou pessoas. Sofreu um atentado e ficou ferido. Ao restabelecer-se, tomou conhecimento de uma tal Junta de Goiana. Reuniu a Câmaras com os oficiais de sua confiança e organizou um Conselho Governativo.

O movimento nacionalista crescia e com ele a oposição a seu governo. Luiz do Rêgo foi intimado a entregar o governo a Joaquim Coelho Lopes de Castro. Recusou-se, mas propôs um acordo, rejeitado pela Junta de Goiana, que alegou constituir governo legal por ter o apoio da maioria das câmaras da capiitania.

O confronto foi inevitável: os governantes cercaram o Recife. Fizeram um quartel general em Beberibe. Em 5 de outubro de 1821 a Junta se reuniu para deliberar sobre a proposta do Recife. Houve intensa movimentação em Beberibe, com a chegada de vários emissários. Foi proposta a divisão de poderes jurisdicionais para as Juntas de Goiana e Recife, que ficaria com esta cidade e com Olinda, para nova eleição de uma nova Junta.

No dia marcado para a eleição, todavia, lá não estava Luiz do Rêgo, que fora para a Europa num navio francês.Formou-se, então, um governo provisório integrado por Gervásio Pires Ferreira (Presidente), Felipe Nery Ferreira, Cônego Dr.Manoel Inácio de Carvalho, Joaquim José de Miranda, Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca e o português Bento José da Costa. O secretário foi o Padre Laurentino Antonio Moreira de Carvalho.

Alimentando o sonho da República, o novo governo procurou cercar-se de pessoas importantes e simpatizantes da idéia. Assim, achegaram-se o Padre Venâncio Henriques de Resende e Manuel de Carvalho Paes de Andrade.

Por esta época a Monarquia no Brasil vivia sob uma Regência, dirigida por José Bonifácio. Este, hábil político, não querendo instalar um confronto direto e fraticida com Pernambuco, enviou à Capitania, ao Recife, Antonio Menezes de Vasconcelos Drumond, com o objetivo de convencer os novos governantes a aceitarem o Príncipe D. Pedro como regente e Chefe do Executivo no Brasil, muito embora mantendo a estrutura de Reino-Unido.

Uma reunião ocorreu na Câmara do Recife, sob a presidência do Juiz de For. A população foi insuflada pela Côrte e, nesse clima, a Junta pernambucana concordou.

D. Pedro entusiasmou-se com a posição do governo local, mas ficou sabendo que alguns de seus integrantes persistiam na idéia de independência a qualquer modo.

Estes foram aos poucos sendo afastados. Toda a Junta acabou sendo deposta por manobra de José da Gama, futuro Visconde de Goiana. Outra Junta foi montada totalmente favorável ao Príncipe. Esta dita Junta levava o nome de Governo dos Matutos, pela incidência de pessoas ligadas à agricultura. Gervásio Pires foi preso e enviado a Lisboa. Nesse período houve a declaração de independência do Brasil

Autor: Fernando Araújo
Fonte: Memorial Pernambuco

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